+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 5,17-19
17“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogá-los, mas cumpri-los. 18Porque na verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a estes mandamentos, ainda que mínimos, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Mas quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.
Palavra da Salvação.
O modo como Jesus se comportava e ensinava os discípulos a se comportarem fez com que seus adversários suspeitassem de que o Mestre fosse um anarquista. Numa sociedade firmemente alicerçada sobre os ditames da Lei mosaica seria uma loucura contrariar algo inquestionável. A prudência aconselhava a submeter-se sem muitas delongas. Além disso, os fariseus funcionavam como uma espécie de fiscais do cumprimento da Lei. Ai de quem ousasse contrariá-la por menor que fosse! Era denúncia na certa.
Por outro lado, os discípulos mal-avisados poderiam enganar-se e pensar que, de fato, com suas palavras e gestos, o Mestre estivesse propondo uma independência radical em relação à Lei, declarando, desta forma, inútil um elemento venerável da piedade popular.
Qual foi a verdadeira postura de Jesus em relação à Lei? Ele não a proclamou inútil, mas também recusou-se a se submeter a ela de maneira servil e ingênua. Antes, introduziu uma maneira diferente de obedecer às exigências dela. Como? Superando a materialidade da letra para buscar o desígnio divino que a inspirou. Diante de cada mandamento concreto, importava colocar-se a questão: o que o Pai estava desejando ao dar este preceito ao povo? A obediência de Jesus tocava este nível de profundidade. Por isso, sua obediência era tão diferente da de seus adversários, a ponto de dar-lhes a impressão de parecer uma perigosa desobediência.