+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 7,31-37
31Deixando a região de Tiro, Jesus foi por Sidônia, em direção ao mar da Galileia, através do território da Decápole. 32Trouxeram-lhe, então, um surdo que falava com dificuldade e pediram-lhe que impusesse a mão sobre ele. 33Jesus tirou-o do meio da multidão e levou-o à parte. Em seguida colocou-lhe os dedos nos ouvidos e, com sua saliva, tocou-lhe a língua 34e, erguendo os olhos ao céu, deu um suspiro e disse: “Éfata”, isto é, “Abre-te”. 35Imediatamente os ouvidos dele se abriram e o nó de sua língua se soltou, e ele começou a falar corretamente. 36Jesus recomendou-lhes que não contassem isto a ninguém. Mas, quanto mais insistia, mais eles proclamavam o fato, 37pois estavam muito impressionados e diziam: “Ele fez bem todas as coisas: faz surdos ouvir e mudos falar”.
Palavra da Salvação.
Boca e ouvido têm um rico simbolismo na religião bíblica. O relato da criação, no livro do Gênesis, fala do diálogo entre Deus e as primeiras criaturas humanas. Estas foram convidadas a dar nomes às coisas criadas. O ser humano precisa da boca para cantar os louvores de Deus e proclamar as suas maravilhas. Os ouvidos são também necessários. Por meio deles, pode-se escutar quanto de bom o Senhor fez e faz por seu povo.
E assim, se a boca poder narrar às gerações futuras a misericórdia divina, através do ouvido, a pessoa é instruída nos caminhos da sabedoria. A língua, porém, pode levar o indivíduo a perder-se. Daí o provérbio: “Falar é prata, ouvir é ouro”.
A doença havia desumanizado aquele homem: impedia-o de proclamar os louvores de Deus; privava-o de ter acesso à sabedoria. Desta forma, vivia isolado, à margem do projeto de Deus, porque, afinal, o ser humano foi criado para comunicar-se.
O milagre operado por Jesus recolocou o surdo-mudo nos caminhos de Deus, oferecendo-lhe a possibilidade de comunicar-se novamente com Deus e com o próximo.