A Palavra de Deus na celebração litúrgica deve ser proclamada com simplicidade e autenticidade.
O leitor, em resumo, deve ser ele mesmo e proclamar a Palavra sem artifícios inúteis. De fato, uma regra importante para a própria dignidade da liturgia é a da verdade do sinal, que afeta tudo: os ministros, os símbolos, os gestos, os ornamentos e o ambiente.
Também é preciso solicitar a formação do leitor, que se estende a 3 aspectos fundamentais:
1. A formação bíblico-litúrgica
O leitor deve ter pelo menos um conhecimento mínimo da Bíblia: estrutura, composição, número e nome dos livros do Antigo e Novo Testamentos, seus principais gêneros literários (histórico, poético, profético, sapiencial etc.). Quem vai ler na missa precisa saber o que vai fazer e que tipo de texto vai proclamar.
Além disso, precisa ter uma preparação litúrgica suficiente, distinguindo os ritos e suas partes, e sabendo o significado do próprio papel ministerial no contexto da Liturgia da Palavra. Ao leitor corresponde não só a proclamação das leituras bíblicas, mas também a das intenções da oração dos fiéis e outras partes que lhe são designadas nos diversos ritos litúrgicos.
2. A preparação técnica
I leitor deve saber como chegar ao ambão e posicionar-se nele, como usar o microfone e o lecionário, como pronunciar os diversos nomes e termos bíblicos, de que maneira proclamar os textos, evitando uma leitura apagada ou enfática demais.
Precisa ter clara consciência de que exerce um ministério público diante da assembleia litúrgica: sua proclamação, portanto, deve ser ouvida por todos. o “Verbum Domini” com o qual termina cada leitura não é uma constatação (“Esta é a Palavra do Senhor”), mas uma aclamação repleta de assombro, que deve despertar a resposta agradecida de toda a assembleia, o “Deo gratias”: “Graças a Deus”.
3. A formação espiritual
A Igreja não contrata atores externos para anunciar a Palavra de Deus, mas confia este ministério aos seus fiéis, porque todo serviço à Igreja deve proceder da fé e alimentá-la. O leitor, portanto, precisa procurar cuidar da vida interior da Graça e dispor-se com espírito de oração e olhar de fé.
Esta dimensão edifica o povo cristão, que vê no leitor uma testemunha da Palavra que proclama. Esta, ainda que seja eficaz em si mesma, adquire também, da santidade de quem a transmite, um esplendor singular e um ministério atrativo.
Do cuidado da própria vida interior do leitor, além do bom senso, dependem também a propriedade dos seus gestos, do seu olhar, do seu vestir e do penteado. É evidente que o ministério do leitor implica uma vida pública conforme os mandamentos de Deus e as leis da Igreja.
Ler na missa é uma honra, não um direito
Esta tripla preparação deveria constituir uma iniciação prévia à assunção dos leitores, mas depois deveria continuar sendo permanente, para que os costumes não se percam. Isso vale para os ministros de qualquer grau e ordem.
É muito útil para o próprio leitor e para a comunidade que todo leitor tenha a coragem de verificar se ele tem todas estas qualidades e, caso elas diminuam, saber renunciar a esta função com honradez.
Realizar este ministério é certamente uma honra, e na Igreja isso sempre se considerou assim. Não é um direito, mas um serviço em prol da assembleia litúrgica, que não pode ser exercido sem as devidas habilitações, pela honra de Deus, pelo respeito ao seu povo e pela própria eficácia da liturgia.