Convidamos todas as paróquias e comunidades a conhecerem melhor a si mesmas’
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, escreveu à Arquidiocese de São Paulo uma Carta Pastoral, datada na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2019.
Intitulada “Sínodo arquidiocesano de São Paulo, 2018-2020 – caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, a Carta é endereçada aos bispos auxiliares, padres, diáconos, religiosos e religiosas e a todos os cristãos leigos e leigas e suas organizações.
A Carta tem o objetivo de rever o caminho já realizado durante o sínodo e apontar os novos passos que devem ser dados em 2019. O texto contém muitas citações retiradas das cartas escritas por São Paulo Apóstolo e sugestões de como organizar ações pastorais e conhecer melhor a história das paróquias e dos seus padroeiros.
ALEGRIA
Inspirado em São Paulo Apóstolo, que em muitas de suas cartas, saúda a comunidade, o Cardeal demonstra grande alegria em escrever uma Carta sobre o sínodo arquidiocesano.
“É com grande alegria que me dirijo a todos, por meio desta Carta Pastoral, para tratar do primeiro sínodo arquidiocesano de São Paulo, “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” para toda a Arquidiocese de São Paulo e para todas as realidades que a integram e expressam. Confiados na graça de Deus, já percorremos o primeiro ano do caminho sinodal, previsto para três anos. O Espírito Santo há de nos assistir nas etapas que ainda temos pela frente, sobretudo para alcançarmos as metas e propósitos do sínodo. Estamos semeando; a seu tempo, os frutos aparecerão”, afirma o Cardeal.
CONVERSÃO E RENOVAÇÃO MISSIONÁRIA
Dom Odilo recorda que o chamado à conversão é um convite constante da Igreja e que o próprio Concílio Vaticano II, há mais de 50 anos, teve esse objetivo.
“Não é de hoje que a Igreja nos convida à conversão pessoal e também à conversão pastoral e eclesial. O próprio Concílio Vaticano II, há mais de 50 anos, foi um grande e solene chamado à Igreja para renovar-se na missão, estando atenta às novas circunstâncias e realidades culturais, sociais e religiosas vividas pela sociedade e pela própria Igreja”, escreveu Dom Odilo.
O Arcebispo enumerou, em sua Carta, alguns desses eventos e documentos:
• As assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a “evangelização no mundo contemporâneo” (1975), do qual resultou a extraordinária Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, de São Paulo VI.
• Os sínodos sobre a catequese (Catechesi Tradendae, 1979) e sobre a ação missionária da Igreja (Redemptoris Missio, 1990), de São João Paulo II.
• As assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo contemporâneo (Christifideles Laici, 1988), sobre a vocação sacerdotal, a vida e o ministério dos presbíteros (Pastores Dabo Vobis, 1992), sobre a missão dos bispos (Pastores Gregis, 2001), sobre a vocação especial dos religiosos e religiosas (Vita Consecrata, 1996) e sobre a família (Amoris Laetitia, 2014-2015) e também o sínodo sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional” (2018).
• O Papa Francisco, depois do sínodo sobre a “nova evangelização para a transmissão da fé cristã” (2012), na sua primeira Exortação Apostólica (Evangelii Gaudium, 2013), conclamou novamente a Igreja inteira a se renovar na missão evangelizadora.
A IGREJA DE SÃO PAULO
Ao referir-se à Arquidiocese, o Cardeal faz um questionamento: “Será que a preocupação com a “nova evangelização” e a “conversão pastoral e missionária” já chegou às nossas comunidades e conseguiu mudar alguma coisa nas bases concretas da nossa Igreja em São Paulo?”. E convida as comunidades a uma reflexão: “Perguntemo-nos: o que ficou e mudou em nossas comunidades a partir da Conferência de Aparecida, em 2007?”
Por se tratar do primeiro sínodo arquidiocesano, o Cardeal recordou algumas das questões centrais que, em 2018, ajudaram as paróquias a conhecerem suas próprias realidades e contextos em que estão inseridas.
• Quem somos nós, como Igreja Católica?
• Qual é a nossa missão?
• Como está sendo realizada essa missão nas nossas comunidades?
• Como se encontra a nossa comunidade?
“O levantamento paroquial feito pelos Párocos e outros corresponsáveis pelas paróquias mostrou com realismo que estão em curso mudanças aceleradas e preocupantes”, afirmou Dom Odilo, que recordou também que, no primeiro ano do sínodo arquidiocesano, foi feita uma ampla pesquisa de campo sobre a realidade religiosa e pastoral em todas as 297 paróquias territoriais de nossa Arquidiocese.
Supervisionada e apoiada tecnicamente por especialistas da PUC-SP, a pesquisa contou com cerca de 300 voluntários treinados e bem orientados, que percorreram cada uma das paróquias e fizeram mais de 20 mil visitas domiciliares para entrevistar católicos e não católicos.
E AGORA?
No segundo ano do sínodo, os trabalhos das assembleias sinodais nas regiões episcopais serão abertos solenemente no dia 30 de março de 2019, com uma grande concentração sinodal em cada Região. Também farão o mesmo caminho os vicariatos ambientais do Povo da Rua, da Educação e Universidade e da Comunicação.
Dom Odilo informou que a Comissão de Coordenação Geral já preparou um instrumento de trabalho e uma metodologia própria para as assembleias sinodais nesses âmbitos da nossa Arquidiocese.
Porém, o Arcebispo enfatizou que as paróquias devem continuar seu caminho sinodal em 2019. “As paróquias, com todas as suas realidades e expressões, continuam a avançar no caminho sinodal, motivadas pelo tema e o lema do sínodo e pelas realidades já percebidas sobre a situação pastoral e religiosa das paróquias e comunidades durante o primeiro ano do sínodo”, disse Dom Odilo
Na Carta, o Cardeal explicou que cada paróquia deve promover uma assembleia paroquial ampliada ainda no primeiro semestre de 2019, para expor os resultados do levantamento paroquial feito em 2018 e da pesquisa de campo sobre a situação religiosa e pastoral da paróquia e de toda a Arquidiocese de São Paulo.
CONHECER A PRÓPRIA HISTÓRIA
Um dos convites para 2019 é também o de que cada paróquia possa se empenhar em conhecer a própria história. “Convidamos todas as paróquias e comunidades a conhecerem melhor a si mesmas”, afirmou o Cardeal.
Além disso, Dom Odilo ressaltou a importância de cada paróquia começar a tomar conhecimento e consciência mais aprofundada daquilo que a pesquisa de campo e também o levantamento paroquial revelaram sobre a situação religiosa e pastoral da paróquia e da Arquidiocese.
“O objetivo dessa ação, além de ser cultural, é sobretudo pedagógico e evangelizador: conhecer a história da própria paróquia deveria levar as pessoas a sentirem-se mais ligadas a essa história e a amar a comunidade paroquial de pertença”, aponta a Carta.
SANTOS PADROEIROS E OS TÍTULOS DAS PARÓQUIAS
No objetivo de conhecer a própria história, o Cardeal explicou que a tradição de dar nomes de santos padroeiros às paróquias ou títulos relativos à fé católica é uma prática antiga na Igreja e possui diversos significados importantes e bonitos.
“Os títulos paroquiais relativos a algum artigo da nossa profissão de fé equivalem a um testemunho e proclamação pública de nossa fé”, disse Dom Odilo.
Ele exortou os fiéis a conhecerem melhor os santos padroeiros e os títulos das paróquias, o que pode ajudar o povo a descobrir e valorizar mais esse tesouro. “A partir dos santos padroeiros e dos títulos paroquiais, cada paróquia pode descobrir e valorizar mais o seu carisma próprio, partindo do testemunho do padroeiro, ou do significado e da importância do título para a vivência cristã dos paroquianos”, continuou Dom Odilo.
Sobre a vida dos santos, o Cardeal disse ainda que “a melhor forma de valorizar e honrar os santos é acolher e divulgar o testemunho de suas vidas, de seu amor a Deus e ao próximo e sua perseverança na fé, mesmo em meio a dificuldades. Os santos não são mitos criados pela fantasia! São pessoas históricas, que enfrentaram dificuldades e lutas para serem fiéis a Deus e à graça do Batismo”.